Entrevista a Carlos Lage (Presidente CCDRN)
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– vejo o Norte de 2015 com esperança e também com alguma apreensão, visto que a região tem tido nos últimos anos uma crise muito prolongada, uma crise estrutural, não apenas do seu tecido produtivo. Há um processo de declínio, que está diagnosticado, os dados são conhecidos, e que resulta numa crise que colocou toda a região, mesmo a parte considerada mais dinâmica, o Grande Porto, em enormes dificuldades. Foi um abalo que poderia ter sido melhor previsto, quando se sabia que a estrutura exportadora da região tinha um pronunciado arcaísmo e que precisava de ser reestruturada com um apoio mais activo das instituições responsáveis, até porque não faltavam fundos comunitários.
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A competitividade do Norte baixou e a região, que já representou 45 por cento das exportações nacionais, está hoje abaixo dos 40 por cento, em boa parte pelo choque concorrencial dos produtos de países de baixos salários. E a região não encontrou alternativas para compensar esta queda.
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A minha preocupação não é ter, a nível regional, eixos e medidas, embora toda essa terminologia seja indispensável. Precisamos de ter políticas regionais e essas são sedimentadas e vão-se tornando visíveis através desta óptica de aplicação dos fundos estruturais e dos destinos desses fundos e dos seus objectivos.
Mas há sempre um velho problema, que é o da descentralização política. Tenho para mim, não sei se é uma constatação original ou não, que a descentralização política é fundamental para que haja verdadeira descentralização económica e, nesse ponto, as coisas estão ainda a levedar.
Está a falar de regionalização?
Só teremos resolvido o problema de ter uma entidade regional que possa responder por essas políticas regionais perante os cidadãos, se, depois de 2009, o referendo da regionalização tiver vencimento no país. Claro que se os cidadãos olharem para as regiões na nossa fronteira, olharem para os factos e não para fantasmas normalmente utilizados nesta altura, percebem que não têm nada a perder com a criação das regiões. Basta olhar para a Galiza que estava num estado de desenvolvimento económico e de PIB per capita, há vinte e tal anos, abaixo de nós e que, neste momento, já está a 80 por cento da Europa comunitária a 25, enquanto que o Norte está a 60 por cento.
A existência de uma entidade regional também promovia uma maior descentralização do dinamismo do tecido produtivo, tenho a certeza.
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