A sugestão que tenho a fazer é simples: que a televisão que na altura transmitiu o tal FC Porto- Estrela da Amadora volte a transmiti-lo, em horário que permita a todos os que se interessam pelo Apito Dourado voltar a recordar o jogo. Assim, todos poderiam perceber bem a existência ou não do tal nexo de causalidade e julgar por si a dimensão da tarefa que aguarda a Dr.ª Maria José Morgado
A Dr.ª Maria José Morgado está zangada e com razão porque o despacho que fez determinando a reabertura do processo relativo ao jogo FC Porto-Estrela da Amadora de 2004, apareceu publicado na net pouco depois de ter sido enviado a várias entidades, entre as quais os advogados dos arguidos no processo. Ela desconfia, e provavelmente também com razão, que a fuga de informação terá partido de um desses advogados. Em consequência, a Sr.ª procuradora adjunta determinou mais um daqueles inquéritos, sempre rigorosissímos e para ontem, para determinar quem será o violador do segredo de justiça. Há, porém, dois pequenos problemas a toldar o fundamento da fúria da senhora procuradora.
Em primeiro lugar, é altamente discutível que estejamos perante uma violação do segredo de justiça. É que, face à lei, tal só existe quando o processo está em segredo e, neste caso, o processo estava já arquivado e não havia, portanto, segredo algum a resguardar. Só a partir do despacho dela é que o segredo se reinstala. Em segundo lugar, não deixa de ser curioso que só esta situação tenha enfurecido a ilustre procuradora, e não todas as outras situações de violação do segredo de justiça — e, essas sim, indiscutíveis — que têm ocorrido com os interrogatórios à pessoa da D.ª Carolina Salgado, levados a cabo por ela. De há duas semanas para cá, desde que Maria José Morgado iniciou tais interrogatótios, temos sido confrontados com a descrição detalhada dos mesmos, publicada em alguns jornais e em tais termos que, mais do que relatos dos interrogatórios a uma testemunha, parece estar-se perante o teor de uma sentença sumária e condenatória dos arguidos. Ora, correndo uma vez mais o risco de enfurecer a fúria justiceira instalada tranquilamente em tantos espíritos moralizadores da praça, faço notar o seguinte: a Drª Maria José Morgado tem beneficiado do privilégio processual de interrogar livremente uma testemunha quando quer, onde quer, as vezes que quer, pelo tempo que quer. Fá-lo sem a presença de um juiz que possa impedir ou limitar formas inadmissíveis de interrogar, sem a presença dos acusados e de advogado que os represente e que possam contestar as perguntas, contra-interrogar, assegurar um princípio fundamental de direito penal, que é o do contraditório. Que estes interrogatórios, onde os arguidos não têm a menor hipótese de defesa e que se passam apenas entre gente do Ministério Público, apareçam depois publicados nos jornais, isso sim, é que é uma grave violação do segredo de justiça — que no passado e em casos semelhantes tem funcionado como uma forma de pré-condenação de suspeitos e pré-determinação da opinião pública. Que a ninguém ocorra mandar investigar essas fugas parece-me, de facto, curioso.
Mas vale a pena dizer algumas coisas mais sobre o segredo de justiça, cuja natureza e alcance, em minha opinião, tem sido totalmente deturpado. O segredo de justiça visa duas coisas: proteger a eficácia das investigações judiciais e os direitos de defesa dos arguidos. À acusação, isto é, a quem investiga, compete garantir a protecção de ambos os interesses; mas à defesa, aos arguidos, apenas é exigível, a meu ver, a protecção do segredo em benefício próprio. Se eu for chamado para ser interrogado num processo-crime, que está em segredo de justiça, não vejo que fundamento me poderá impedir, em minha defesa (e, numa fase processual em que praticamente não existem meios de defesa), de sair cá para fora e declarar: «Fui ouvido sobre isto e aquilo, coisas que não têm fundamento algum». Aliás, se algum dia me acontecer tal coisa, declaro desde já que, depois de interrogado, tratarei de dizer o que me apetecer — antes que a versão do meu interrogatório que possa convir à acusação apareça, soprada por ela, nos jornais. Assim como, se algum dia previr que me possa acontecer aquilo que aconteceu a alguns dos suspeitos do Apito Dourado, que foi o facto de, sem fundamento algum para suspeitar da fuga, terem sido mandados deter previamente para interrogatório, ficando depois presos dois ou três dias à espera que a juíza tivesse tempo para os ouvir, eu farei o mesmo que fez Pinto da Costa: vou para Vigo ou para Badajoz, e de lá telefono à juíza a perguntar-lhe o dia e a hora certa em que me quer ouvir, e só então me apresento. Porque, lá por serem juízes e magistrados, não têm o direito de ofender a liberdade das pessoas e enxovalhá-las previamente. Só não resiste aos abusos da autoridade quem está habituado a amochar habitualmente.
Em minha opinião, portanto, a suposta violação do segredo de justiça cometida por quem pôs a circular na net o despacho da Dr.ª Maria José Morgado:
— não me parece que possa ser juridicamente classificada como violação do segredo de justiça;
— a ser considerada tal e a ter sido cometida pela defesa dos arguidos, tem toda a legitimidade, face a anteriores violações — essas sim, indiscutíveis e graves;
— e, finalmente, num processo mediático como este, o conhecimento do teor do despacho da Procuradora reveste-se e revestiu-se de todo o interesse público.
Vejamos esta última afirmação. O despacho de Maria José Morgado confirma que a única razão que ela encontrou — os tais «factos novos» que permitem a reabertura de um processo já arquivado — são os depoimentos da D. Carolina Salgado. E permitiu-nos também ficar a saber que a Dr.ª Maria José Morgado não considera relevante a questão da credibilidade da testemunha, bem como a das razões que a levaram ao acto de traição e vingança pessoal que o seu livro e a sua súbita disponibilidade para colaborar com a Justiça revelam. E considera mal, obviamente: ao contrário do que ela escreveu, seja qual for o juízo final que, em tribunal, se venha a fazer sobre a credibilidade da testemunha, é evidente que tal facto não é «estranho ao processo», mas absolutamente decisivo para se chegar depois à conclusão subsequente sobre a veracidade do seu testemunho. Sustentar que Carolina Salgado é uma testemunha como outra qualquer, a quem nada de pessoal move contra Pinto da Costa, é uma crença manifestamente condenada ao fracasso em qualquer tribunal normal.
Resta depois o essencial. Pelo que li do que ela terá dito nos interrogatórios, se há coisas que ela não trouxe foram justamente «factos novos» — como aliás já se esperava. O que ela trouxe no livro e repetiu agora foi comida requentada. Disse o que já todos sabiam sobre o árbitro Jacinto Paixão, o empresário António Araújo e a fruta. Sobre isto, quero repetir o que já antes escrevi e que me parece absolutamente honesto: julgo que, de facto, o FC Porto terá proporcionado serviços, e não propriamente de fruta, ao referido árbitro e a pedido deste. Mas, reconhecido isto, restam por provar duas coisas: uma, que tal não é ou não era prática corrente em todos os clubes e em diversos jogos, incluindo os das competições europeias — onde os clubes da casa são supostos receber, instalar, oferecer as refeições e acompanhar os árbitros internacionais, satisfazendo-lhes as vontades e mordomias. Quem acha que tais coisas não sucedem em Lisboa, seguramente que imagina que em Lisboa também não existem respeitáveis estabelecimentos como o Calor da Noite. É preciso demonstrar, pois, que o tratamento dado pelo FC Porto a este árbitro foi a excepção e não a regra. Desconfio que há muita e insuspeita gente, entre a qual extremosos pais de família e dirigentes desportivos, a quem tal investigação não convirá por aí além.
A segunda coisa que será necessário provar é a tal chatice do «nexo de causalidade» entre o suposto acto de corrupção e o pagamento do favor por parte do corrompido. É, de facto, uma chatice, mas a lei assim o exige, e eu poderia explicar longamente porque é que tal exigência não é um formalismo oco, mas uma garantia essencial de que a justiça é feita, não por palpites, presunções e interesses de terceiros, mas por provas irrefutáveis. Sobre isto, e presumindo (se calhar, mal) que a Dr.ª Maria José Morgado não se interessa ou perceba de futebol, a sugestão que tenho a fazer é simples: que a televisão que na altura transmitiu o tal FC Porto-Estrela da Amadora, e que terá os direitos sobre ele, volte a transmiti-lo, com a devida publicidade e em horário que permita a todos os que se interessam pelo Apito Dourado voltar a recordar o jogo. Assim, todos poderiam perceber bem a existênca ou não do tal nexo de causalidade e julgar por si a dimensão da tarefa que aguarda a Drª Maria José Morgado. Seria um acto de serviço público.
A Dr.ª Maria José Morgado está zangada e com razão porque o despacho que fez determinando a reabertura do processo relativo ao jogo FC Porto-Estrela da Amadora de 2004, apareceu publicado na net pouco depois de ter sido enviado a várias entidades, entre as quais os advogados dos arguidos no processo. Ela desconfia, e provavelmente também com razão, que a fuga de informação terá partido de um desses advogados. Em consequência, a Sr.ª procuradora adjunta determinou mais um daqueles inquéritos, sempre rigorosissímos e para ontem, para determinar quem será o violador do segredo de justiça. Há, porém, dois pequenos problemas a toldar o fundamento da fúria da senhora procuradora.
Em primeiro lugar, é altamente discutível que estejamos perante uma violação do segredo de justiça. É que, face à lei, tal só existe quando o processo está em segredo e, neste caso, o processo estava já arquivado e não havia, portanto, segredo algum a resguardar. Só a partir do despacho dela é que o segredo se reinstala. Em segundo lugar, não deixa de ser curioso que só esta situação tenha enfurecido a ilustre procuradora, e não todas as outras situações de violação do segredo de justiça — e, essas sim, indiscutíveis — que têm ocorrido com os interrogatórios à pessoa da D.ª Carolina Salgado, levados a cabo por ela. De há duas semanas para cá, desde que Maria José Morgado iniciou tais interrogatótios, temos sido confrontados com a descrição detalhada dos mesmos, publicada em alguns jornais e em tais termos que, mais do que relatos dos interrogatórios a uma testemunha, parece estar-se perante o teor de uma sentença sumária e condenatória dos arguidos. Ora, correndo uma vez mais o risco de enfurecer a fúria justiceira instalada tranquilamente em tantos espíritos moralizadores da praça, faço notar o seguinte: a Drª Maria José Morgado tem beneficiado do privilégio processual de interrogar livremente uma testemunha quando quer, onde quer, as vezes que quer, pelo tempo que quer. Fá-lo sem a presença de um juiz que possa impedir ou limitar formas inadmissíveis de interrogar, sem a presença dos acusados e de advogado que os represente e que possam contestar as perguntas, contra-interrogar, assegurar um princípio fundamental de direito penal, que é o do contraditório. Que estes interrogatórios, onde os arguidos não têm a menor hipótese de defesa e que se passam apenas entre gente do Ministério Público, apareçam depois publicados nos jornais, isso sim, é que é uma grave violação do segredo de justiça — que no passado e em casos semelhantes tem funcionado como uma forma de pré-condenação de suspeitos e pré-determinação da opinião pública. Que a ninguém ocorra mandar investigar essas fugas parece-me, de facto, curioso.
Mas vale a pena dizer algumas coisas mais sobre o segredo de justiça, cuja natureza e alcance, em minha opinião, tem sido totalmente deturpado. O segredo de justiça visa duas coisas: proteger a eficácia das investigações judiciais e os direitos de defesa dos arguidos. À acusação, isto é, a quem investiga, compete garantir a protecção de ambos os interesses; mas à defesa, aos arguidos, apenas é exigível, a meu ver, a protecção do segredo em benefício próprio. Se eu for chamado para ser interrogado num processo-crime, que está em segredo de justiça, não vejo que fundamento me poderá impedir, em minha defesa (e, numa fase processual em que praticamente não existem meios de defesa), de sair cá para fora e declarar: «Fui ouvido sobre isto e aquilo, coisas que não têm fundamento algum». Aliás, se algum dia me acontecer tal coisa, declaro desde já que, depois de interrogado, tratarei de dizer o que me apetecer — antes que a versão do meu interrogatório que possa convir à acusação apareça, soprada por ela, nos jornais. Assim como, se algum dia previr que me possa acontecer aquilo que aconteceu a alguns dos suspeitos do Apito Dourado, que foi o facto de, sem fundamento algum para suspeitar da fuga, terem sido mandados deter previamente para interrogatório, ficando depois presos dois ou três dias à espera que a juíza tivesse tempo para os ouvir, eu farei o mesmo que fez Pinto da Costa: vou para Vigo ou para Badajoz, e de lá telefono à juíza a perguntar-lhe o dia e a hora certa em que me quer ouvir, e só então me apresento. Porque, lá por serem juízes e magistrados, não têm o direito de ofender a liberdade das pessoas e enxovalhá-las previamente. Só não resiste aos abusos da autoridade quem está habituado a amochar habitualmente.
Em minha opinião, portanto, a suposta violação do segredo de justiça cometida por quem pôs a circular na net o despacho da Dr.ª Maria José Morgado:
— não me parece que possa ser juridicamente classificada como violação do segredo de justiça;
— a ser considerada tal e a ter sido cometida pela defesa dos arguidos, tem toda a legitimidade, face a anteriores violações — essas sim, indiscutíveis e graves;
— e, finalmente, num processo mediático como este, o conhecimento do teor do despacho da Procuradora reveste-se e revestiu-se de todo o interesse público.
Vejamos esta última afirmação. O despacho de Maria José Morgado confirma que a única razão que ela encontrou — os tais «factos novos» que permitem a reabertura de um processo já arquivado — são os depoimentos da D. Carolina Salgado. E permitiu-nos também ficar a saber que a Dr.ª Maria José Morgado não considera relevante a questão da credibilidade da testemunha, bem como a das razões que a levaram ao acto de traição e vingança pessoal que o seu livro e a sua súbita disponibilidade para colaborar com a Justiça revelam. E considera mal, obviamente: ao contrário do que ela escreveu, seja qual for o juízo final que, em tribunal, se venha a fazer sobre a credibilidade da testemunha, é evidente que tal facto não é «estranho ao processo», mas absolutamente decisivo para se chegar depois à conclusão subsequente sobre a veracidade do seu testemunho. Sustentar que Carolina Salgado é uma testemunha como outra qualquer, a quem nada de pessoal move contra Pinto da Costa, é uma crença manifestamente condenada ao fracasso em qualquer tribunal normal.
Resta depois o essencial. Pelo que li do que ela terá dito nos interrogatórios, se há coisas que ela não trouxe foram justamente «factos novos» — como aliás já se esperava. O que ela trouxe no livro e repetiu agora foi comida requentada. Disse o que já todos sabiam sobre o árbitro Jacinto Paixão, o empresário António Araújo e a fruta. Sobre isto, quero repetir o que já antes escrevi e que me parece absolutamente honesto: julgo que, de facto, o FC Porto terá proporcionado serviços, e não propriamente de fruta, ao referido árbitro e a pedido deste. Mas, reconhecido isto, restam por provar duas coisas: uma, que tal não é ou não era prática corrente em todos os clubes e em diversos jogos, incluindo os das competições europeias — onde os clubes da casa são supostos receber, instalar, oferecer as refeições e acompanhar os árbitros internacionais, satisfazendo-lhes as vontades e mordomias. Quem acha que tais coisas não sucedem em Lisboa, seguramente que imagina que em Lisboa também não existem respeitáveis estabelecimentos como o Calor da Noite. É preciso demonstrar, pois, que o tratamento dado pelo FC Porto a este árbitro foi a excepção e não a regra. Desconfio que há muita e insuspeita gente, entre a qual extremosos pais de família e dirigentes desportivos, a quem tal investigação não convirá por aí além.
A segunda coisa que será necessário provar é a tal chatice do «nexo de causalidade» entre o suposto acto de corrupção e o pagamento do favor por parte do corrompido. É, de facto, uma chatice, mas a lei assim o exige, e eu poderia explicar longamente porque é que tal exigência não é um formalismo oco, mas uma garantia essencial de que a justiça é feita, não por palpites, presunções e interesses de terceiros, mas por provas irrefutáveis. Sobre isto, e presumindo (se calhar, mal) que a Dr.ª Maria José Morgado não se interessa ou perceba de futebol, a sugestão que tenho a fazer é simples: que a televisão que na altura transmitiu o tal FC Porto-Estrela da Amadora, e que terá os direitos sobre ele, volte a transmiti-lo, com a devida publicidade e em horário que permita a todos os que se interessam pelo Apito Dourado voltar a recordar o jogo. Assim, todos poderiam perceber bem a existênca ou não do tal nexo de causalidade e julgar por si a dimensão da tarefa que aguarda a Drª Maria José Morgado. Seria um acto de serviço público.
2 comentários:
Fabuluso artigo de opinião.
É preciso começar a dismistificar a senhora procuradora e os objectivos do processo: atingir o presidente Pinto da Costa e o Porto.
Vejam lá se o ministério público constitui arguido o Vieira depois da escute telefónica em que ele escolhia árbitros...
E porque motivo teve que vir alguém de lisboa para perseguir o Porto? Porque é que a "mágica" senhora não foi designada para o processo da cada pia?
O apito, eu e o sonho
A Dra. Maria José Morgado e o Procurador-Geral jamais me convencerão quanto às suas prioridades.
Tem sido apregoado, ao longo dos tempos, que os benfiquistas são seis milhões e o Dr. Dias da Cunha garantiu que os sportinguistas são quatro milhões.
Os portugueses são dez milhões. Não tenho dúvida alguma que a Dra. Maria José Morgado e o Procurador-Geral são dois grandes portugueses.
É espantoso o apite voraz, a fixação para apanhar Pinto da Costa e o F. C. Porto a qualquer preço, sem um pingo de vergonha. É espantoso como casos como o da UGT e Torres Couto, como o da Expo, como os da “Slot-Machines” abortadoras e muitos, muitos, outros mais, que envolvem milhões, o caso Casa Pia, os indiciados assassinos de agente da Judiciária, porque permitiram que caducassem as medidas de coacção, foram libertados e outros casos muito mais aviltantes e preocupantes, não tenham merecido e não mereçam do Estado e das entidades judiciais a mesma preocupação, empenhamento e, sobretudo, prioridade. Estarão á espera do exemplar empenhamento e da exemplar prioridade do processo Apito Dourado, centrado no pagamento a putas para desflorar árbitros, para credibilizar a justiça?
Estou esclarecido e deixem-me rir, por favor.
É espantosos como nos querem fazer crer que pagar um jantar após um jogo ou pagar uma noitada de prostitutas (se é que foi verdade) é corrupção, é compra e venda de pessoas e da sua dignidade e seriedade. Até parece que em Lisboa não há e nunca houve jantares colectivos e outras mordomias e sodomias.
É espantoso como tudo isto se passa num jogo, no Porto, entre o quase campeão e um dos últimos classificados, sem qualquer interesse e que decorreu sem a mínima intervenção falaciosa do árbitro no resultado final.
Claro, todos acreditamos que se haverá de encontrar um jogo em que o FC Porto tenha sido beneficiado ou os seus rivais prejudicados.
- O meu sonho começa: Isso até num será difícil ... mais cuidados a ter ... haberá … para os sincronizar com o café …, as putas… e outras mordomias … mas num será nada que se num consiga … até os imbentamos ... carago ... mais camara lenta prá frente ... menos camara lenta pra trás ... mais corte aqui ... mais emenda acolá ... num haberá problema ...
É espantoso como nesses anos de Mourinho,e foram dois, o FC Porto passeou uma gritante superioridade sobre todos os restantes adversários e como, na última esperança do Sporting para discutir o título, em Alvalade, tenha sido sempre gravemente PREJUDICADO por Lucílio Baptista, como o poderão atestar os vídeos integrais desses jogos de Alvalade.
É espantoso como o Procurador de Gondomar, Carlos Teixeira, nesses jogos que decidiram os títulos, não tenha gravação de qualquer escuta e muito menos tenha indícios de Pinto da Costa, ou acólitos, a querer comprar o resultado desses jogos. Muito espantoso mesmo.
E se à Dra. Maria José Morgado é permitido divagar em frente das câmaras de televisão, a mim, obviamente, também me será permitido ficcionar pensamentos meus:
Nos meus pecaminosos pensamentos, eu penso que o Procurador de Gondomar, Carlos Teixeira, é um benfiquista ou sportinguista doente, fanática e sectariamente anti-Pinto da Costa e anti-FC Porto, que, vergado e humilhado com os êxitos do FC Porto e vítima da lavagem ao cérebro que os media desportivos vêm implementando na sociedade portuguesa, armadilhou, penso eu, de gravador em riste, penso eu, aproveitando-se da insensatez dos árbitros, penso eu, toda esta palhaçada.
É espantoso não existir qualquer indício, por mínimo que seja, nos jogos em que o FC Porto mais necessidade teria de vencer ou de elevadíssimo grau de dificuldade, de tentativa de corromper quem quer que seja ou de tentar vencer pela via da corrupção.
Isto cheira mal, muito mal. Há que ter vergonha.
Aliás, eu também poderei pensar que a reunião num hotel de Lisboa, mencionada por Miguel Sousa Tavares na “A Bola” de 16/01/2007, é um caso de corrupção. Posso apenas pensar e não afirmar porque, infelizmente, não fiz escuta telefónica.
Agora vem o Parlamento, pela mão do PSD (como está o seu Benfica, Dr. Marques Mendes?) e de outros grupos parlamentares, querer retirar da Lei o nexo casualidade para que as palhaçadas, como a, penso eu, do Apito Dourado e as inventonas preparadas à distância e minuciosamente, como a, penso eu, do caso Calheiros, possam ter êxito e não necessitem da mínima justificação e sustentação.
Por onde andavam todos estes senhores, onde estava o País, quando o Benfica do Dr. Vale Azevedo não pagou as suas obrigações fiscais e de segurança social e, muito mais grave, gravíssimo, apresentou na Liga um documento ESTATAL FALSO para vigarizar os regulamentos da Liga, aprovados pelos clubes e em conformidade com o Protocolo assinado pelo Governo, FPF e Liga, e assim, ilegal e ilegitimamente, poder participar na Superliga?
Alguém se lembrará do Presidente do Benfica, Manuel Vilarinho, confessar diante das TVs, que afinal não tinham sido cumpridos os compromissos fiscais e da Segurança Social e que o Benfica devia uma “pipa” de massa ao Estado?
Alguém se lembrará que o fisco e o governo, face aos regulamentos e ao Protocolo assinado, tinham obrigação de saber que o Benfica não cumprira os seus compromisso e que estava a participar ilegal e ilegitimamente na primeira liga?
Alguém se lembrará do empenhamento apressado, do governo de então, para salvar a honra do convento e explicar as dívidas do Benfica, aquando do eclodir deste maior escândalo da história do futebol português? E para justificar que uma grande parte desse incumprimento acabava de ser regularizado e que para o restante foram programados pagamentos faseados? Foi o Dr. Pina de Moura ou foi o Eng. Sócrates? É que já não me lembro muito bem, embora me lembre perfeitamente desse reconhecimento público da maior farsa e corrupção do futebol português.
Alguém se lembrará do presidente da Liga, Valentim Loureiro, com aquele seu ar de inocência premeditada e de xico-esperto incontrariável, vir garantir que a Liga recebera um documento oficial do estado e que, portanto, nada haveria a fazer.
Mas então, quando se descobre que o conteúdo desse documento oficial do estado é uma grandiosíssima trapaça, uma vigarice ordinária, não se abre um processo por não ter sido liquidados em tempo oportuno as dívidas ao fisco e segurança social e não se abre um outro processo pela manobra fraudulenta? E não se investiga quem do fisco foi corrompido, se é que seria necessário corromper alguém? E não se obriga ao cumprimento dos regulamentos então vigentes e não se anulam os jogos em que o Benfica participou ilegal e ilegitimamente na primeira liga? E não se atira o Benfica para a liga de honra, no mínimo?
Por onde andavam as preocupações do Parlamento? A Lei contra a corrupção, e o seu cumprimento, servia a verdade e a justiça? De certeza?
- E eu sonho: Claro, a “máfia” é no Puarto, o mafioso é o outro ... o papa ... quando chegar a hora dele ... do papa ... logo beremos a Lei ... Seis milhões na liga de honra …isso é que era bom ... parolos …esperem sentados … isso era uma bronca dos diabos .... poderá lá ser... mande-se a Lei para o exílio até que o outro seja armadilhado … perdom ... quero dizer … apanhado …
E a comunicação social, desportiva e a outra, não sentiram nem cheiraram a fraude? Não se aperceberam das implicações do maior escândalo de sempre do futebol português? Desconheciam o Protocolo e os regulamentos do futebol profissional?
- Em sono agitado, continuo a sonhar: … na … na … eles num bê … num bê? … num bê o quê? …na … no meio dos seis milhões? … na ... eles num bê … porra … o quê? … o polvo … o polvo vermelho …tás parvo ou quê? …claro que num bê ... no meio do vulcom … ver a laba?... és um pacóvio … ainda acreditas em bruxas …
Espantoso, esqueceram-se, todos, mas mesmo todos, de pugnar pela verdade e pela justiça, que estranho, muito estranho. Cheguem aqui o ouvido, para eu lhes dizer baixinho o que penso de vocês: EU PENSO QUE SÃO FANÁTICA E SECTARIAMENTE ANTI-FC PORTO E ANTI-PINTO DA COSTA E PENSO QUE SÃO UMA CAMBADA DE CORRUPTOS MORAIS.
É verdade, já me esquecia, e o Estrela? Sim, sim, esse mesmo, o ESTRELA da AMADORA, que desceu, no ano da descoberta da fraude, à liga de honra.
- Eu durmo e sonho: Mas é claro ... sim senhor ... já me lembro ... o Estrela ... estrebuchou ... foi aí sim ... sim …quando o Estrela estrebuchou … que S. Balentino falou ...
- Ahah, parece que já me lembro melhor.
- E continuo a sonhar: Que foi, que se passa? ... o Estrela … o Estrela ... que foi? … logo que estrebuchou, logo calou … ahaan? … pode lá ser?... o pintinho nim é parte interessada ... e num pode assim tanto ... uhmmm, aí há gato escondido com rabo de fora ... será? ... mas ninguém vê o rabo do gato ... rabo? ... com bentosas? ... estás tolo pá ...
Que fez o Ministério Público? Que fez a Judiciária? Alguém investigou o mínimo dos mínimos para tentar saber o que se passou? Investigaram porque o Benfica não foi despromovido, COMO IMPUNHAM OS REGULAMENTOS ENTÃO VINGENTES, quando tudo foi descoberto? Inquiriram, revistaram as casas de todos os eventuais implicados, estado e homens do estado incluídos?
- Acorda aqui, acorda acolá, sempre sonhando: Foi feito, sim senhor … e muito, sim senhor ... uma troboada ... um relômpago, o Bale que atirou com o Benfica para a liga de honra …sabes … sabes … foi engaiolado … prebentivamente, porque ... na … na... num é o que estás pr’aì a pensar ... com seis milhões? ... liga de honra … poderia lá ser ... na … na …desbiou dinheiro do Benfica … do Obchinnikov …
- E o sonho continua: Ahaaah ... olha … olha … fechou a cortina ... já acabou? ... acabou? ... ahaan …olha …olha ... outra vez … a abrir outra vez ... olha … olha …, eles todos ... de mãos dadas ... baixa a cabeça ... levanta a cabeça ... ena pá ... tantas flores ... baixa a cabeça ... levanta a cabeça ... ena pá … tantas palmas ... é carago … tudo de pé … tantas palmas …
Como eu gostaria de saber se houve, ou não houve, jantarzinhos, jantarões, telemóveis, pagamentos e putões e reuniões ultra-secretas para, ao mais alto nível, silenciarem e branquearem o maior escândalo da história do futebol português. Como eu gostaria de saber, se gostaria ....
Mas não, já não tenho ilusões. As revoluções acabaram e também já não temos Forças Armadas para limpar este País.
Por onde andaria, nessa altura, a Dra. Maria José Morgado? Uma boa pergunta, não?
Que moral têm agora para exigirem, a todo o custo, a pele do FC Porto e de Pinto da Costa?
É preciso terem muita lata para agora quererem considerar como corrupção tirar os três a um árbitro num bordel, quando cagaram num documento ESTATAL FALSO emitido para vigarizar os regulamentos da Liga.
Como podem valorizar e dar crédito a Carolina Salgado e a um livro encomendado, penso eu, por, penso eu, Luís Filipe Vieira, José Veiga, Leonor Pinhão, João Malheiro e, penso eu, pelo Procurador de Gondomar Carlos Teixeira?
De que valeram os testemunhos, em Tribunal e sob juramento, das vítimas do caso Casa Pia, quando afirmaram estar o Dr. Paulo Pedroso implicado? Porque não mereceram credibilidade?
Como eu gostaria de conhecer o conteúdo das escutas telefónicas entre o anterior Presidente da República, Dr. Ferro Rodrigues e Dr. António Costa.
E, claro, todas, mas mesmo todas, as escutas do apito dourado.
- E regresso ao sonho: ... o quê … os telemóbeis dos mouros …que estás pr’aí a dizer? … som da rede espanhola ... que estás pr’aí a dizer? ... tem juízo ... na ... na ... de certeza ... certezinha ... na … na …num foi isso ... num som da rede espanhola ... deram o berro ... os grabadores ... escutas dos mouros? ... vai plantar batatas ...
Como eu gostaria de perceber o que é tráfico de influências, como gostaria.
Como é possível reabrir um processo só porque, uma Carolina qualquer, deu o nome e a cara a um livro encomendado, penso eu, por, penso eu, Luís Filipe Vieira, José Veiga, Leonor Pinhão, João Malheiro e, penso eu, pelo Procurador de Gondomar Carlos Teixeira, quando o testemunho, em pleno Tribunal e sob juramento, das vítimas do processo Casa Pia , não foi suficientemente credível para reabertura e reintegração do Dr. Paulo Pedroso no processo Casa Pia? Pior ainda, ao invés do tapete vermelho estendido a Carolina Salgado, as vítimas do processo Casa Pia foram obrigadas a silenciar essa questão.
Será que o Procurador-Geral e a Dra. Maria José Morgado teriam já questionado o Procurador de Gondomar Carlos Teixeira sobre como o famoso dossier foi parar à porta de casa do Presidente do Benfica, será que já lhe perguntaram?
E já agora, será que o tal famoso dossier, que tanto tempo esteve na posse do presidente do Benfica, teria servido para dar “voz” à Carolina, que de nada saberia, penso eu, e assim publicarem o “Eu Carolina”? Teria servido também para ensinar, preparar e fundamentar a acusação, que eu penso ter sido comprada, agora sustentada por Carolina? Porque não investigar as contas bancárias da Carolina e familiares, tanto aqui como em Espanha e em França? Aliás, o que também deveria ter sido feito com a célebre menina da Cosmos, no propalado processo Calheiros, lembram-se?
Porque será que o presidente do Benfica não entregou, de imediato, o dito dossier no Ministério Público? E porquê o Ministério Público, perante o constante e arrogante folclore televisivo, não lhe exigiu os documentos? Porque, segundo os meu pecaminosos pensamentos, não faria sentido devolvê-lo à origem com os objectivos por cumprir. Para o meu raciocínio, isto é claro como água. Para o meu raciocínio, a rua é o local ideal para garantir a condenação pública que a Lei não permite garantir. Este tipo de actuação, admitida pelo meu raciocínio, é, penso eu, típico dos frustrados e corruptos morais.
E o segredo de justiça? É verdade, que segredo de justiça?
Será que o Procurador Geral e a Dra. Maria José Morgado acreditam que o Conselho de Justiça decidiu com uma incoerência, gravemente suspeita, no caso Nuno Assis, quando comparada com a sua anterior sentença num caso semelhante relacionada com um jogador do Vitória de Setubal (sic Dr. Laurentino Dias) só pelos longos cabelos de Nuno Assis ? Eu NÃO acredito e não deixarei que queiram fazer de mim parvo. Para mim, é evidente, penso eu, que houve tráfico de influências. Para mim, é evidente, penso eu, que houve corrupção. Se para mim é corrupção material, ou, se para mim é corrupção moral? Como saber, se a Judiciária e o Ministério Público nem sequer se permitiram preocupar com essa eventualidade?
Aliás, o Benfica não precisa de corrupção material, não precisa usar o telemóvel, não precisa de jantares especiais, não precisa de comprar putas, não precisa de comprar ninguém, etc.
- Aí está o sonho, outra vez: ... mas … mas … tá pr’aí calado … num fales do quem num sabes ... essa agora ... qual comprar ... qual vender ... ganha juízo ... mas é ...
Eles encontram-se todos os dias, eles reinam e mandam em todas as áreas, eles são seis milhões, estão lá todos, os investigadores, os magistrados, os políticos, os governantes, os árbitros, os comentadores e escribas desportivos, os realizadores e editores de imagem, as putas, etc., etc.. Não é preciso pagar. O coração vermelho fanatizado e humilhado é suficiente para mover tudo e todos. Eu acredito plenamente no meu raciocínio e ninguém me convencerá do contrário.
Eles até jogaram no Algarve com o Estoril, em jogo de capital importância para a manutenção do Estoril e para a discussão do título entre Benfica e o FC Porto. Jogaram ou não jogaram Dra. Maria José Morgado? Claro, eu já sei, foi um acto altruísta do Estoril, permitir um jogo de beneficência para os coitadinhos dos Ingleses, muito saudosos da Premier League. Claro, tudo dentro de uma perfeita normalidade.
- Raios partam o sonho que não me larga: O quê? ... O dono do Estoril?... na ... na, isso do dono do Estoril … ser … também … o director do futebol profissional do Benfica … isso foi sorte … bem sabemos ... o Estoril desceu? …o Puarto num foi campeão? … isso ... o pintinho é que sabe ... então carago … que queres? ... ele num mandou o Araújo à fruta ... andaba muito ocupado ... alembras-te da loirica que bufou no trombone? ... o pintinho andaba muito ocupado ...
Pára aí … pára …eia … ena … que grande … enorme … o quê, o quê? … um polvo vermelho … qual polvo vermelho? … num bejo nada … num bês? ... na … na ... claro que num bês … no meio deles … dos seis milhões ... num consegues ber …tu que julgas? ... num bês …
- Acorda, acorda, tás com pesadelo.
- Uff, ainda bem que acordei, ouviste alguma coisa?
- Não…!? O que foi?
- Não sei, não me lembro de nada.
Estás f***** FC Porto, este país vermelho e verde jamais te perdoará os êxitos dos últimos vinte anos.
Põe-te à tabela FC Porto, porque, com a nova Lei que virá, serás apanhado, quer queiras quer não queiras, ao virar da esquina, num piscar de olhos.
O futuro dos portugueses está, sem dúvida, mais risonho. As suas economias vão crescer e criar sustentabilidade.
As muitas milhares de famílias, vocacionadas para a “cunha”, não mais precisarão de se empenharem com as valiosíssimas prendas.
Os construtores e imobiliárias, a acreditar no que por aí se ouve e lê, não mais precisarão de investir balúrdios de euros para conseguirem os seus desígnios.
A Dra. Maria José Morgado e o Procurador de Gondomar, descobriram, penso eu, que por 40 ou 50 euros, que é quanto custa mais ou menos uma prostituta, se pode comprar a dignidade e seriedade dos políticos, dos governantes, dos autarcas, dos investigadores, dos magistrados, dos médicos, dos professores, dos polícias, dos árbitros, etc., etc..
Deus nos livre e guarde do betão feito com livros, areia e cimento.
Nota: - Nos meus pecaminosos pensamentos, eu penso que quem colocou o dito despacho, da Dra. Maria José Morgado, na internet foi, ainda segundo os meus pecaminosos pensamentos, o mesmo que enviou o famoso dossier ao presidente do Benfica.
Publicação: quarta-feira, 24 de Janeiro de 2007 21:52 por RBarrosFafe
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