Kosta de Alhabaite

Nortenho, do Condado Portucalense

Se em 1628 os Portuenses foram os primeiros a revoltar-se contra o domínio dos Filipes, está na hora de nos levantarmos de novo, agora contra a corrupçao, o centralismo e colonialismo lisboeta!

E porque NÃO?!

O argumentário do Sim tem as suas pedras angulares nas questões relacionadas com a miséria social, pobreza e dignidade das mulheres (e homens) que em face de uma gravidez indesejada recorrem ao aborto clandestino, efectuado sem as mínimas condições de higiene e saúde.Deixou, assim, desta vez, cair o rol de obtusidades relacionadas com afirmações do tipo “na barriga mando eu”, “as mulheres são donas do seu corpo”. E constatou que, além de contraproducentes (em termos mediáticos), tais alegações não eram líquidas nem, muito menos, consensuais.As suas razões são, agora, mais sóbrias e pertinentes:
- É evidente que existem situações sociais dramáticas. Casais ou mulheres que vivem na indigência mais completa, sem as mínimas condições de criarem um filho;
- Há também casos de mulheres que correm risco de vida por efectuarem um aborto num vão de escadas, sujeitas a condições deploráveis de higiene e onde a assistência médica, é uma mera figura de retórica;
- Não se pode, igualmente, olvidar, os casos de gravidezes indesejadas, cuja repulsa pela maternidade eleva o grau de risco de futuros maus tratos a crianças.

Outras mais razões haveria para aduzir, nenhuma deixando, no entanto, de ser a mais pura... VERDADE...!!!!!
E, sempre se diga, que todas estas referidas e degradantes situações arrastam, atrás de si, muitas mulheres, homens e famílias…! E, sobretudo, carregam muita, muita, infelicidade!!!
E, na verdade, se todos estes casos são dezenas, centenas ou milhares, é um facto, de alguma forma, irrelevante. Bastaria um, para ser dramático, pois, cada vida é irrepetível e inquantificável.
Se assim é, que o é, não percebo, então, porque é que os defensores do SIM estão satisfeitos com a possibilidade de legalização do aborto só até às 10 semanas de gravidez? As mesmas ponderosas razões deveriam ser bastantes para uma legalização às 21, às 31, ou, porque não às 40 semanas? Os meses não apagam a pungência e urgência das situações concretas, bem pelo contrário.
Pergunto: Qual será a diferença?
O feto, após as 10 semanas de gestação, as 25 ou as 35, não deixou de ser feto. Ou deixou?
Claro que se pode, sempre, admitir que a Vida Humana se declara por decreto ou por convenção de sumidades científicas publicada na Nature. E, aí, concedo, as 10 semanas são descargo de consciência bastante para muitas boas almas. Um marco positivista do início da VIDA.
Para mim, confesso, é indiferente. À uma, às três ou às 11 semanas, o problema é exactamente o mesmo. E se for diferente agradeço, penhoradamente, que me elucidem…!!!
Aliás, tal questão não é metafísica, mas bem real, quedando-se na mais pura e fria biologia.
Não pode, pois, deixar de constituir uma arrogância de contornos literalmente olímpicos, afirmar, que a Vida Humana começa às X semanas, pois, só a partir da 10.ª semana o sistema nervoso do feto assume uma maturidade compatível com o ser humano.
Mas, ainda assim, e concedendo na premissa, ouso voltar a perguntar: e o dia, sim, qual o dia, a hora, o minuto e, já agora, o segundo para aferir dessa maturidade? Ou será que nos bastamos com uma certeza à semana, grosseira e a olhómetro..!!??
O que está em causa no Aborto, não é o fim de um ser aproximado ao Homem, de uma semelhança, ou de um filho de um deus menor…é acabar com a VIDA HUMANA, ta quale. No seu início. É arredar da existência um ser humano a vir. Sem voz. Indefeso. É arrancar da roseira, o botão.
Por isso, o que se nos depara é muito claro. Invoquem-se as condições materiais da prática do Aborto, as condições sócio-económicas dos progenitores, tudo se reconduz a uma só opção: de um lado temos o valor absoluto, inalienável, irrenunciável, indisponível que é a VIDA. Do outro, temos os valores das ponderosas condições de existência, ora melhores, ora piores, ora edificantes ora degradantes, mas sempre, e nunca deixando de ser, um problema referente à QUALIDADE DA VIDA, das contingências da existência.
Neste confronto só existe uma mera aparência de opção. O que se nos depara é a mais ofuscante, cristalina, límpida e clara evidência de que a VIDA não é um qualquer valor hierarquizável. É, pois, o valor que hierarquiza: uma constatação da Referência.

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